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Política

Muriel Bowser ganha 3º mandato como prefeita de Washington, DC

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A prefeita Muriel Bowser garantiu um terceiro mandato em 8 de novembro, após uma campanha focada em sua liderança durante a pandemia do COVID-19 e em sua história como um dos rostos da busca contínua de Washington por um estado.

Em junho, Bowser, 50, derrotou um par de adversários do Conselho do Distrito de Columbia nas primárias democratas, uma corrida que é amplamente considerada a corrida para prefeito de fato no distrito predominantemente democrata.

Nas eleições gerais, Bowser enfrentou um trio de adversários — todos considerados marginais: a republicana Stacia Hall, o indicado do Statehood Green Party Corren Brown e o candidato independente Rodney “Red” Grant.

Bowser presidiu na maioria um período de prosperidade, mas enfrentou constantes acusações de estar muito próximo de incorporadores e interesses comerciais, à medida que uma onda descontrolada de gentrificação prejudicou os residentes negros de longa data.

Grant, um ator e comediante de longa data, mirou nessa percepção, dizendo em um vídeo de campanha que Bowser “focou no desenvolvimento de edifícios em nossa cidade, mas se esqueceu de desenvolver nossa juventude e um plano abrangente para reduzir o crime”.

A segurança pública e o crime dominaram a campanha primária. Os homicídios aumentaram por quatro anos consecutivos, e a contagem de 227 assassinatos em 2021 foi a mais alta desde 2003. Ambos os adversários principais, os membros do Conselho de DC Robert White e Trayon White, Sr., criticaram duramente sua resposta às crescentes taxas de crimes violentos.

Mas, apesar de sua vulnerabilidade na segurança pública e da crescente ansiedade do público em relação ao crime, Bowser emergiu das primárias democratas com uma vitória de dois dígitos sendo projetada pela Associated Press para vencer a eleição geral por uma margem ainda maior.

Bowser ganhou atenção nacional no verão de 2020. Após protestos em massa sobre o assassinato de George Floyd pela polícia em Minneapolis, ela brigou publicamente com o então presidente Donald Trump depois que manifestantes pela justiça racial foram expulsos à força de uma área perto da Casa Branca.

Bowser respondeu renomeando o epicentro do protesto Black Lives Matter Plaza e encomendando um mural com “Black Lives Matter” pintado em um trecho da 16th Street, a um quarteirão da Casa Branca, em letras amarelas gigantes. A mudança foi publicamente rejeitada como “performativa” pela afiliada local do Black Lives Matter, um crítico regular de Bowser.

Sob pressão de ativistas pedindo para retirar o financiamento da polícia, Bowser apoiou amplamente seu departamento de polícia, travando batalhas públicas com o Conselho de DC sobre o orçamento da polícia. Ela silenciosamente substituiu um chefe de polícia branco mais velho por um sucessor negro mais jovem e pressionou por financiamento para aumentar o pessoal do Departamento de Polícia Metropolitana, atualmente em 3.500, para 4.000 policiais na próxima década.

A vitória em 8 de novembro faz de Bowser o segundo prefeito de DC a vencer três mandatos consecutivos, empatando com Marion Barry, que presidiu a cidade continuamente de 1979 a 1991.

Política

Políticos estão “mudando sua cor de pele” após se elegerem

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Há seis anos, quando o político brasileiro Antônio Carlos Magalhães – popularmente conhecido como ACM Neto – marcou a corrida como “mestiço” em um formulário oficial que todos os candidatos devem preencher antes de uma eleição, ninguém prestou atenção. Agora, no entanto, enquanto aspira a ser eleito governador da Bahia – o estado com a maior população negra do Brasil – ele escolheu, mais uma vez, o “mestiço” entre as opções disponíveis. E isso tem causado alvoroço.

O que começou como uma polêmica local se transformou em notícia nacional, dominando as mídias sociais. Reflete até que ponto a sensibilidade social sobre a cor da pele mudou nos últimos anos.

Todos os cidadãos ou residentes brasileiros devem declarar às autoridades se são negros, mestiços, brancos, asiáticos ou indígenas. Não há diretrizes: cada pessoa se define como quer. E, em um país tão misturado como o Brasil, isso cria situações estranhas. Com o tempo e sem a necessidade de dar explicações, qualquer cidadão pode mudar de raça.

Essa declaração racial é obrigatória para os políticos desde as eleições municipais de 2016. Graças a essa regra, sabemos agora que centenas de deputados federais que aspiram à reeleição nas eleições gerais de 2 de outubro se declararam de cor diferente da há quatro anos: 42 parlamentares que eram brancos se tornaram negros e 29 que eram negros se tornaram brancos.

O Brasil realizará em breve eleições gerais para eleger o presidente – com Jair Bolsonaro e Lula da Silva como favoritos – a Câmara dos Deputados, os parlamentos regionais e um terço do Senado. Se os candidatos não vencerem no primeiro turno, haverá um segundo turno no dia 30 de outubro.

ACM Neto também adicionou recentemente a palavra “Jr” às suas iniciais, por pertencer a um dos clãs familiares mais enraizados dos políticos brasileiros. Sua família também é dona de uma das principais emissoras de televisão da Bahia.

Como Neto lidera confortavelmente a corrida para governador da Bahia – estado que foi a principal porta de entrada de escravos trazidos à força da África para o Brasil – a oposição foi rápida em criticá-lo na questão racial. Ele tem sido desafiador, defendendo-se em entrevista na TV local, aparecendo no estúdio com um bronzeado marcante:

“Eu me considero um mestiço. Você pode me colocar ao lado de uma pessoa branca: há uma grande diferença. Preto, não, eu nunca diria que sou negro”, respondeu ao jornalista. Seu novo visual foi comparado a fotos mais velhas e mais brancas de si mesmo nas redes sociais, levando a uma enxurrada de piadas e memes. O escrutínio só aumentou: sua candidata a vice-governador – que também se declarou mestiça no passado – teve que pensar melhor. Ela mudou sua declaração para “branco”.

A polêmica vem crescendo, com o efeito sendo sentido nas pesquisas. O ACM Neto caiu seis pontos no mês passado, enquanto seu principal adversário, Jerónimo Rodrigues, do Partido dos Trabalhadores (PT), subiu 15 pontos, segundo o instituto de pesquisas Datafolha. De qualquer forma, o aliado de direita do atual presidente Bolsonaro ainda lidera a corrida na Bahia. Mas não está claro se ele pode vencer no primeiro turno.

Além do oportunismo de alguns políticos, ou mesmo de estudantes que querem aproveitar as cotas sociorraciais implementadas há uma década nas universidades públicas, há uma maior consciência racial na sociedade brasileira, onde mestiços e negros representam 56% da população. O número de brasileiros que se orgulham de sua cor continua crescendo.

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Política

Luta pan-africanista – uma conquista pelo futuro da África

Por muitos séculos, o povo africano foi escravizado por influência europeia e o continente se encontrava dividido entre si. O pontapé dos resultados da luta pan-africanista data de uma reunião feita em 1945, por 90 representantes que se dirigiram a Manchester, na Inglaterra, para decidir o futuro da África.

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Luta pan-africanista - uma conquista pelo futuro da África

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Por muitos séculos, o povo africano foi escravizado por influência europeia e o continente se encontrava dividido entre si. Em momentos, existia colaboração por conexões étnicas e de língua entre os países, mas em outros, guerreavam por território e até mesmo vendiam seus rivais capturados para os europeus. O pontapé dos resultados da luta pan-africanista data de uma reunião feita em 1945, por 90 representantes que se dirigiram a Manchester, na Inglaterra, para decidir o futuro da África.

O continente africano, até os dias atuais, sofre influência direta da Europa em relação à sua evolução, desenvolvimento econômico e outros problemas sociais. Além disso, não apenas de países da Europa, mas de diferentes lugares do mundo, os povos africanos não são vistos como referência como deveriam ser, apesar do continente possuir muitas riquezas naturais e intelectuais.

Pensando nessa realidade, na época de 1963, foi criada a Organização de Unidade Africana, surgida através da ideologia conhecida como pan-africanismo, que pretende lutar, justamente, por todos esses direitos e fomentar o desenvolvimento do continente através da integração e cooperação dos países situados no continente.

Dentro das principais funções da ideologia, encontram-se a união desses ditos povos rivais, pois acreditam que essa situação foi provocada pelos povos europeus, uma artimanha de rivalidade para gerar divisão étnica no continente e, assim, ficar mais fácil manipular e extrair recursos para fora.

Os idealizadores principais dessa luta foram Edward Burghardt Du Bois e Marcus Musiah Garvey. Em 2002, com a evolução do combate, a Organização de Unidade Africana tornou-se União Africana e tomou uma postura mais agressiva em relação aos seus combates. O continente africano ainda tem muito que superar. Pobreza, miséria, guerras, doenças e corrupção ainda são problemas que assolam e a luta pan-africana pode ser a solução mais objetiva e benéfica para todo esse cenário.

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Única negra em universidade japonesa: “Pobre também pode estudar fora”

“De Itaquera pra atual universidade número um do Japão! Me formando de kimono e afro”. Foi com essa legenda em um post do Twitter que Marina de Melo do Nascimento, 29, viu sua formatura do mestrado em História na Universidade de Tohoku, uma das mais conceituadas no país oriental, repercutir nas redes sociais nos últimos dias.

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Única negra em universidade japonesa: "Pobre também pode estudar fora"
Marina Melo fez Mestrado em História em Universidade de Tohoku, no Japão; para ela, é preciso incentivo para jovens estudarem fora Imagem: Arquivo pessoal

“De Itaquera pra atual universidade número um do Japão! Me formando de kimono e afro”. Foi com essa legenda em um post do Twitter que Marina de Melo do Nascimento, 29, viu sua formatura do mestrado em História na Universidade de Tohoku, uma das mais conceituadas no país oriental, repercutir nas redes sociais nos últimos dias.

Única estudante negra da área de Humanas na instituição de ensino japonesa, Marina escreveu uma dissertação, em inglês, sobre Kishida Toshiko (1863 – 1901), uma das primeiras feministas japonesas, e seus escritos em revistas femininas em uma época que as regras patriarcais no país oriental eram bem mais rigorosas.

“Ela foi uma das primeiras mulheres a estudar em escola púbica e fazer ensino superior em Kyoto, foi escolhida para ser tutora da imperatriz na época”, diz. “Só que ela não gostava da vida no palácio, se aproximou de um movimento popular pela liberdade e foi convidada a dar palestras sobre a vida das mulheres no Japão. E chegou a ser presa por questionar as regras.”

De Itaquera para o Japão, e o fascínio pela cultura do país

Moradora de Itaquera, zona leste de São Paulo, até os 15 anos, e formada em Letras na USP, Marina tem fascínio pela cultura japonesa desde pequena, quando embarcou na febre dos desenhos japoneses que apareciam na TV brasileira entre os anos 90 e 2000. A mãe a incentivava a consumir tudo da cultura do país. No ensino médio, Marina trabalhou em uma papelaria em que os donos eram japoneses e também a estimulavam a aprender o idioma.

Fora do ambiente familiar, no entanto, o acesso à cultura japonesa não era tão incentivado, e o racismo tem tudo a ver com o que Marina e outras pessoas negras passam quando se aproximam dos símbolos e produtos do lugar. “Uma vez, um professor não me aceitou no curso de japonês porque disse que eu não tinha a ver com a cultura e, por isso, não tinha por que eu aprender. Minha mãe foi lá e disse: ‘Quem é você para dizer o que minha filha pode aprender ou não?'”.

Muita gente acredita que pessoas negras não têm espaço na cultura pop, o que é triste e tira a vontade dos jovens de se interessarem por isso. Gostar de game, de cultura nerd, de anime desperta a vontade de aprender o idioma e tecnologias. Só que, por acharem que vão sofrer preconceito, as pessoas negras e pobres ficam tímidas em relação a isso.

“A gente deveria se jogar no mundo e ter a oportunidade de gostar do que a gente gosta. O racismo não pode parar a gente nesse quesito”, defende.

No Japão, ela afirma não ter passado situações racistas tão diretas. “Eles são bem discretos nesse quesito. Mas tem algo muito sério, que é perguntar por que minha palma da mão é mais clara do que o resto do corpo e tem uma coisa de pegar no meu cabelo, perguntar porque que ele é assim.”

No dia da formatura, o cabelo natural: “É visto como exótico”

Os cabelos naturais, aliás, foram uma dúvida até a noite anterior à formatura, conta Marina. O medo era que, na cerimônia as pessoas comentassem sobre ele e até dessem risada. Quem a ajudou a decidir foi o marido.

“A gente se impõe uma pressão muito grande para alisar aqui, porque ninguém tem o cabelo igual no Japão. E o olhar para os fios é sempre de uma coisa exótica, esquisita. Eu não alisei, porque demorou muito para eu assumi-los e jurei que nunca mais ia fazer alisamento. Hoje, uso trança e afro puff, o que usei na formatura e achei lindo”.

Formatura inspira outros jovens: “Pobre também pode estudar fora”

O caminho de Marina até chegar à foto de kimono (que se chama “hakama” e é um tipo de vestimenta tradicional hoje usado em ocasiões formais) foi longo. De acordar antes das 4 h para chegar à USP às 8, com ônibus cheio e metrô lotado, a ter conseguido um intercâmbio pela primeira vez no Japão, em 2013, ela expõe que para quem mora na periferia tudo é mais difícil.

“Para o intercâmbio, eu ia várias vezes no Consulado e demorava muito para chegar lá. E ainda teve a questão da minha carta de aprovação na Universidade: como todo mundo na minha casa trabalhava, quem recebeu foi o tiozinho do bar da esquina da rua”, conta, aos risos.

Trabalhando como professora para filhos de brasileiros e morando com o marido, Júlio César, que também é brasileiro e estuda na Universidade de Tohoku, Marina conta que mantém uma rotina puxada para pagar a universidade e os boletos no Japão. “Ainda dou aula de inglês em um cursinho preparatório e sou intérprete na biblioteca da faculdade”.

Para ela, a sua formatura tem o poder de inspirar outros jovens das periferias, ao mesmo tempo que denuncia como para eles, principalmente os negros, as oportunidades são mais difíceis. “Primeiro, a gente tem que mudar a ideia de que pobre não pode estudar fora. E de que quem é da favela sempre vai estar lá, que não tem escolha”, opina. “Mas isso é tão enraizado no Brasil, um país tão desigual, que eu viralizei. Porque quando uma pessoa negra consegue fazer alguma coisa vira notícia. Não virei por ter entrado na USP, porque hoje pobre consegue entrar lá, mas porque fui estudar em uma faculdade número 1 no Japão, fazendo o curso em japonês, dissertação em inglês”.

O recado para quem está no corre para realizar o sonho de estudar fora (dica: ela fez até publicações no Twitter para ensinar tudo sobre os trâmites para quem tem interesse), diz Marina, é um só. “Queria que a gente não delimitasse quem a gente é. Claro que cada caso é um caso, nem todo mundo tem família que dá suporte e as chances que eu tive, mas queria que a gente mudasse a mentalidade. Trabalhar muda a vida, mas estudar também. E você tem o direito de escolher o que fazer, porque só fracassa quem tentou.”

Matéria Original:
Nathália Geraldo – De Universa – 03/04/2021 04h00 – https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2021/04/03/unica-negra-em-universidade-japonesa-pobre-tambem-pode-estudar-fora.htm

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